Evento - Máscaras

Deitado na minha cama - sim, agora minha - naquela cela com um número tão interessante, eu me encontrava com os braços cruzados atrás da cabeça e uma perna ligeiramente elevada, com uma curvatura no joelho não muito acentuada. Deixava o meu cérebro dançar entre vários pensamentos, não me focando em nenhum. Podia estar preocupado, podia estar stressado, podia estar nervoso, ou com medo... Mas, não me focava em nenhum desses sentimentos. Procurava os positivos, e fazia uma deliciosa mix deles todos. Uma bela confusão, com um retoque de perturbação... Ah, eu estava me sentindo bem normal nessa tarde.

Subitamente, o som de imensos passos podem ser ouvidos, e pela sua intensidade, iam se aproximando e, ao mesmo tempo, dissipando. Vários guardas agora eram vistos a dirigirem-se para cada cela, chamando os residentes das mesmas para que os seguissem para o exterior. Eu podia tentar tirar algo de bom daquilo, mas não estava nesse tipo de dia... Não por agora. Então, simplesmente suspirei, levantei-me e segui as suas indicações. Em menos de nada, notei que todos os outros presidiários - uns lutando contra, outros apenas como eu, aceitando - iam sendo levados para o lado exterior da prisão.

Agora eramos forçados a fazer uma fila, como se estivessemos na escola ou na creche. Achei as ordens engraçadas, afinal, adoro ouvir ordens. Mas algo parecia errado naquele momento. Não me sentia "completo". Já era evidente que eles, quando nos colocaram nesta prisão, haviam mexido com os nossos poderes, mas agora era como se eu não tivesse acesso nenhum aos meus. Devia ser o plano deles, afinal, agrupar tantos mutantes e esperar que não desse em rebelião era um pedido de suícidio.

Depois da fila formada e de vários nadas acontecerem, mandaram cada presidiário retornar para a sua cela. Eu permiti-me ser o primeiro e criar alguma confusão, gritando com toda a capacidade vocal que eu tinha para que a origem daquela voz pudesse - ou não - ouvir. — Mas que porra é essa? Decidam-se logo! — Mas, apesar do meu comentário, não iria contestar. Seguia a fila ordenadamente e, finalmente, perante a minha cela que partilhava com Aaron - a famosa cela 69 - deparei-me com um bilhete e uma vestimenta um tanto quanto sem graça na minha cama. Aproximei-me da mesma para ler o escrito, apercebendo-me do que estava acontecendo.

Ás nove da noite eram-nos requisitado estar presentes na área da floresta daquela prisão para que pudessemos ter uma "festa". Festa? Numa prisão? Para mim, deixar cair o sabonete nos balneários já é uma "festa", então, queria saber do que isto se tratava. Mas, pelos trajes que nos haviam sido atribuídos, eu percebia que seria uma espécie de festa de máscaras, ou assim. Bem, era óbvio, porra, havia ali uma fucking máscara, para além do traje.

O traje que a mim me havia sido conferido era uma réplica de um "mordomo" inglês, ou lá o que era. Era uma boa tentativa, mas extremamente simples e sem sal. A máscara, por outro lado, era linda: cheia de plumas de vários tons de violeta, enquanto a base dela era toda preta feita de um tecido super macio. Era, deveras, linda. Decidi que, para uma máscara tão bela, eu tinha que deixar o traje a condizer.

Perante aquele smoking básico e uns sapatos pretos, eu tinha pouco com que trabalhar. No entanto, iria fazer resultar e ficar do meu estilo. Decidi começar por me despir e ficar só com a roupa interior, vestindo aquelas simpes calças pretas e calçando o calçado atribuído. Com isso, não tinha muito que fazer. No entanto, invés de vestir a camisa debaixo do casado do smoking, decidi simplesmente vestir aquele longo e esbelto casaco, cuja traseira tinha uma "cauda" que terminava em dois bicos, totalmente bem costurados. Quem quer que tivesse feito esses trajes sabiam as nossas medidas exatas, o que era assustador. Assim, prendi apenas um botão do smoking, deixando a maior parte do meu tronco exposto. Afinal, se essa festa fosse uma festa decente, esse smoking já estaria perdido no chão passado meia hora. De qualquer jeito, retirei todas as plumas violetas da máscara, deixando-a ainda esbelta, e decorei o smoking com elas, seguindo a linha do colarinho até o botão que estava abotoado.

Esperaria a hora exata chegar, mais ou menos. Afinal, não estava ligando muito para chegar cedo ou atrasado, mesmo que isso incluisse algum tipo de punição - exatamente por isso que eu não ligava para a hora. No entanto, dirigi-me para a floresta sozinho, mesmo que o convite indicasse algo sobre um par. Num evento assim, preferia ir sozinho e, afinal, qual o sentido de uma festa de máscaras, onde ninguém reconhece ninguém, se levássemos um par? Assim, seria um dos primeiros a chegar, segurando a minha máscara à frente da face, mesmo que esta só tapasse metade do meu rosto - do nariz para cima. Os meus lábios rosados e o traço da minha incrível construção óssea era a única coisa que as pessoas poderiam ver da minha cara, o que seria difícil de reconhecer porque dificilmente alguém ali me conheceria. E se me conhecesse, seria preciso de ver um pouco mais que esses lábios para me reconhecer.

Agora que eu tinha chegado... — Que a festa comece... Ia tentando reconhecer as músicas que começavam a ser tocadas, e cantarolando para dentro a letra das mesmas. Afinal, ainda era muito cedo para me excitar mais do que aquilo.

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Post: 01.

Não iria demorar muito para eu procurar onde estariam instaladas algumas bancadas com bebidas naquela festa, como é óbvio. Afinal, não ia perder o meu tempo ali se não tivesse o que beber - para isso, teria ficado na cela esperando ser punido, o que seria muito melhor do que uma festa sem alcóol.
Conseguindo avistar exatamente o oque procurava, segui para o local onde estavam dispostos vários copos e bebidas que eu supunha que fossem para ser retiradas à descrição. Se não, oops. Temos pena.
Ainda segurando aquele pequeno pau preso à máscara para mantê-la na frente do meu rosto, retirei um copo e decidi enchê-lo com alguma bebida aleatória. Não me importava se fosse boa ou não, isso eu iria descobrir depois, baseado no quanto embriagdo ela me iria deixar. Se não estivesse apressando o suficiente, eu iria mudar para outra e procurar uma mais forte.
Elevei o copo aos meus lábios, preparado para provar um pouco do que havia escolhido, quando ao longe, avisto alguém com um traje engraçado - talvez pior que o meu. A esse alguém, lhe havia sido atribuído um moletom de panda, uns shorts, e uns tênis nada a ver. Achei aquela apresentação cómica, e com a minha risada que não conseguia segurar, não daria para beber aquilo.
Necessitei de um tempo para controlar o riso e, finalmente, ganhar o foco. Tentei analisar a criatura que trajava aquilo, e havia ficado com interesse em saber como ele se sentiria com tamanha figura que estava fazendo. No entanto, ele sorria, um pouco perverso, provavelmente sentido-se o rei daquilo tudo. Atitude? Acertada.
Aproximei-me do "panda" a passos lentos, como uma fera que, calmamente, encurtava a distância entre si e a sua presa. Ainda com metade do meu rosto coberto com a máscara, estava certo que nem eu iria reconhecê-lo, nem vice-versa, caso nos conhecessemos. Já próximo a ele, tomei um pequeno gole da bebida que tinha em mãos, finalmente avaliando o valor daquilo para mim, egelhei o nariz e fiz uma expressão de nojo, atirando o copo para longe, só para ouvir o som de estilhaços de vidro meros segundos depois. — Era muito fraco. Não recomendo. —
Obviamente, esta minha atitude eu havia tomado a uma mera distância daquele rapaz, que a esta hora já deveria estar esperando ser cumprimentado. E sim, finalmente agora eu podia ter a certeza que era do sexo masculino. — Muito prazer, senhor panda. — Não continha a risada que dava no final da frase, dando uma última olhada de cima a baixo do corpo do prisioneiro. — Parece que alguém teve muita sorte no seu traje, não é? — No meu tom irónico comum, eu soltava algumas bufadas de risos contidos, afinal, ainda não havia superado. No entanto, agora estava mais curioso para saber mais sobre aquem estava por de trás daquele panda.
Usar uma máscara fazia-me sentir diferente. Não me fazia sentir eu, por alguma razão. Saber que a minha face não era reconhecível ou, sequer, vista, era algo que me dava um certo prazer e um sentido de liberdade - irónico, porque estava numa prisão. Mas, invés de tentar perceber a razão disso, apenas seguia com o que o meu "eu" interior queria dizer e fazer. — Gostava de lhe dizer o meu nome para me cumprimentar, mas qual seria a graça, numa festa de máscaras? — Sorria, com uma ligeira malícia. — Apenas me chame do que quiser. Para mim, você será o Panda... E estou aqui, a seu dispor. — Estendi a minha mão direita, a que não continha o pau da máscara, esperando ser cumprimentado em retorno, incorporando aquela personagem de "garçom", visto que o meu traje se baseava num. Tirando o facto que mostrava uma certa "exposição". Inclinava-me até ligeiramente para a frente, como numa reverência àquela criatura.
Era um pequeno "show" que eu apresentava para quebrar o gelo, visto que eu não era muito bom nisso. Mas, talvez até fosse - afinal, ainda tinha que entender o poder que uma máscara tinha em mim. E, talvez, aquele panda me pudesse ajudar a escolher uma bebida mais forte da próxima vez.

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Post: 02.

Afinal, como me podia ter esquecido do essencial? Pandas são criaturas extremamente fofas e adoradas, mas de facto, e o que poucas pessoas se lembram, é que são animais ferozes e sedentos de sangue. E aquele panda que estava perante a mim não era muito diferente. Ele sabia o que queria. Felizmente, eu também.
— Garçom stripper? Que bela descrição, nem eu teria colocado em melhores palavras. — Comentava dando uma pequena risada estando surpreendido pela observação do garoto. Mirava nos pequenos buracos que sua máscara possuía para tentar mirar seus olhos, mas o foco estava exatamente no "tentar". Era-me essencial, normalmente, permanencer um contacto visual quando falava com alguém, mas teria que me habituar que neste caso seria difícil.
As minhas sobrancelhas subiam de espanto ao ouvir o seu próximo comentário sobre o "prazer". Ele não estava com brincadeiras ou rodeios, e logo agora que eu estava me sentindo um pouco mais inocente. Então, se ele queria entrar nesses jogos, teria que saber que só iria sair um vecedor dali. Ou, talvez dois...
— Claro, claro... Concordo plenamente. Umas bebidas daqui para a frente e poderemos pensar nessa coisa de "prazer", não é? — Sorria formalmente, contranstando a minha expressão facial neutra e "pura" com o que eu acabara de dizer. — E se é esse o seu desejo, para já irei servi-lo como o seu garçom pessoal. Como disse, é esse o lado que estou mostrando agora. — Apesar de acabar de o ter cumprimentado, levantava novamente o braço e estendia a palma da mão, não para voltar a cumprimentá-lo, mas para que a segurasse e me seguisse. — Fará o favor de me acompanhar? Servir-lhe-ei as bebidas, apenas não o quero perder de vista. — Caso ele tivesse aceitado o convite e segurado a minha mão, ou até mesmo que isso não tivesse acontecia, teria a certeza de me aproximar ligeiramente para que o meu sussurro pudesse ser ouvido por ele. — Mas saiba que se exige o meu lado garçom por agora, mais tarde, terá que aceitar o outro lado que você comentou... — Pronunciava cada palavra claramente e com uma confiança que me era normal e com a minha voz que, nestes casos, se tornava grossa.
Seguiria assim até à mesa onde outrora havia pego minha bebida. Retirava dois copos, um de cada vez por apenas estar a trabalhar com uma mão, e servia agora uma bebida que de certeza que seria melhor - afinal, a garrafa já estaria meio vazia, o que signficava que o resto dos prisioneiros ali teriam aderido àquele alcóol. Primeiramente, enchia o copo alheio, segurando-o com a minha mão e entregando-o enquanto me curvava ligeiramente para a frente, com um sorriso claramente sacana. Posteriormente, trataria da minha bebida, esperando que ele ainda não tivesse começado a beber. — Um brinde? Para fingirmos mais um pouco que somos pessoas civilizadas; antes de dar merda. — Aproximava o meu copo do dele, esperando que ele tomasse a iniciativa de fazê-los tocar e, assim, concluir o brinde. Iria levar a bebida à boca e dar um pequeno gole, sem ainda tirar os olhos das feições faciais do garoto - pelo menos, daquelas que eu conseguiria ver.
Não prestava nem um pouco de atenção ao sabor da bebida, aliás, mal me apercebia se a tinha bebido ou não. Apenas me apressei um pouco para poder voltar a falar com aquele prisioneiro. — Me diga, à quanto tempo você está "residindo" nesta esplunca, meu Lorde? — Ainda seguindo com aquela atuação de garçom privado, procurava saber um pouco mais sobre o mascarado, mostrando uma certa curiosidade, mas nada mais, no meu tom de voz.

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Post: 03.

Cada palavra que saía do garoto com traje de panda era com uma melodia que tinha a certeza que me atiçava. Ele sabia com quem estava falando, e era bom saber que estávamos na mesma página.
Ouvi-lo a responder ao meu pequeno e totalmente inocente sussurro daquela forma admirou-me, e muito. Não sabia se seria possível dele notar isso, mas a minha cara rapidamente expressou esse sentimento de surpresa e o meu olhar voltou a percorrer o corppo dele de cima a baixo, sorrindo no final e dando uma pequena risada, voltando a seguir caminho até à mesa das bebidas.
Tinha apenas como responder àquele brinde com uma pequena risada que escondia o facto que eu tinha achado demasiada piada àquilo que não devia ter tanta graça assim. Enquanto apreciava a bebida e o sabor do alcóol - bom dessa vez, graças ao Universo -, o garoto prontamente iria responder à minha pergunta, deixando-me estupefacto mais uma vez... Que caixinha de surpresas.
— Como garçom? — Admirado, repetia o que ele havia dito, não para indicar que eu não tinha percebido, mas como mera surpresa. — E dizem que não há coicidências, não é mesmo? — Sorria e voltava a dar mais um gole daquela bebida, antes de olhar para o chão, onde apenas iria conseguir ver o nosso calçado e pouco mais. — No ramo onde eu trabalhava... Tsc, não sei se nos dias de hoje já é considerado "trabalho", mas, enfim... Nós aprendemos a ter muito cuidado com quem convivemos, em quem confíamos. — Voltava a subir a cabeça e a mirar o rosto do panda. — Se saírmos desta prisão com vida, o que não deve acontecer, pelo menos agora você tem uma lição para levar para a vida. — Aproximava o meu copo dele, não para outro brinde, mas apenas para acrescentar àquela teatrialidade toda. — Nunca confie em ninguém. — Sorria como quem não havia dito nada negativo e voltava a aproximar o copo da minha boca, quando o susto de uma garota que aparecia do nada me fez quase deixar cair a bebida. De facto, eu havia estremecido e deixado algum do líquido cair para o chão, mas felizmente, não para cima de mim.
Olhava para ela com uma cara desconfiada, de cima a baixo. Ele conhecia o panda de algum lado, ou o seu traje tinha-a interessado como me interessou a mim? De qualquer maneira, um pouco incomodado, e invés de reclamar da sua presença, dou mais um gole na bebida muito lentamente, enquanto tentava digerir o que caralhos estava acontecendo. Preparava-me para retirar o copo da boca e comentar que a aparição dela foi meio curiosa, quando ela decide gritar um "Cala a boca." aleatório. Fiquei tão surpreso pensando que era para mim, até percebe que ela não poderia ler mentes para saber que eu ia falar, então, apenas fiquei a estranhar mais ainda. — Porra, a noite ainda não começou e essa aí já está nesse estado? — Comentava o facto da garota parecer claramente embriagadada - e que inveja eu tinha dela. Infelizmente, ela dizia que aquele comentário não era para nós, então... Era para quem?
Eu era um garoto curioso, não podia negar isso nunca na vida. E aquela "gatinha" de facto era alguém que me estava a intrigar. O seu traje realmente realçava as suas curvas e cada detalhe do seu corpo - afinal, todos os fatos ali pareciam ter sido feitos à medida. E, ah!, como eu admiro o corpo da mulher. Mesmo não sendo da fruta que eu coma, eu sei apreciar, e ela era realmente bela. Esperava apenas que aquele panda não jogasse em ambas as equipas, se não, eu tinha concorrência. — Que entrada triufante, gatinha. — Retornava à minha pose formal e a incorporar o meu traje de garçom. Aproximava o meu copo a ela num gesto de cumprimento, antes de dar um pequenissímo pulo ao me recordar das minhas "obrigações" como garçom. — Porque não se junta a nós numa bebida? — Pousava o meu copo na mesa para posteriormente encher outro e ir de encontro á gata, entregando-lhe o copo com um sorriso malicioso na face. — Esse arde; é bom. — Esperava que ela aceitasse o copo e voltava a pegar no meu copo, mirando o par de animais que eu tinha à minha frente - era isso! Estava num zoo!
— E então, gata, — Prosseguia. — diga-nos ao que devemos tal presença. Vocês os dois se conhecem, é isso? — Terminava de beber o resto que estava no meu copo enquanto aguardava a resposta dos dois.

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Com: Ethan Slowan & Nastasya G. Belikov.
Post: 04.