[RP Fechada] Rebels

Never Look Back

No Stress

The day is perfect

Am I in hell?

Estava no inferno e sabia disso muito bem, entretanto, o que poderia fazer? Somente ficar ali, aceitar a sua nova vida. Por quanto tempo estaria preso? Ele não sabia. Um mês, um ano ou uma vida inteira? Arrepiou-se com tal hipótese. Sentia-se deslocado, pois não se dera bem com qualquer pessoa – pelo menos, não ainda. Por onde passava, olhava de maneira desconfiada, afinal, em quem poderia confiar? Qualquer um ali poderia ser seu inimigo, e essa ideia o incomodava frequentemente. Não conseguia dormir desde que chegara, mas sempre tentava tirar breves cochilos para não ficar totalmente exausto. Estava naquele inferno fazia uma ou duas semanas, ele não sabia – tinha perdido a noção de tempo.

Seus cabelos estavam levemente bagunçados, as olheiras tomavam conta da parte inferior – logo abaixo de seus olhos. O cansaço e o medo – mesmo que Flynn não expressasse isso – eram visíveis fisicamente no garoto. Não conseguia dormir, não conseguia confiar, não conseguia comer direito.

Movimentava-se lentamente, meio perdido, mas escutara sobre um riacho, um fato que acabou despertando a sua curiosidade. Seria bom ir para algum lugar diferente e passar um bom tempo sozinho. Se pudesse, voltaria ao passado e fecharia os olhos. Queria sua casa, queria seus pais – não sabia o que ocorrera com seus progenitores, o que lhe dera um grande desespero, contudo, Flynn não era tolo e nem nada do tipo. Sabia que, bem provavelmente, ambos estavam mortos. Seu coração doía só de pensar.

Sua vida era tão perfeita. Estava na faculdade perfeita e tudo mais, contudo, por causa de sua ira e de seu poder – que só fora aprender a controlar mais tarde –, tudo fora por água abaixo. A raiva tinha sido a causadora de sua queda. Como não se controlara? Fechou os punhos, sentindo o ódio atravessar o seu corpo. Respirou fundo e mordeu os próprios lábios com um pouco de força.

Depois de alguns minutos se locomovendo, pôde escutar o som do riacho, fazendo o menino suspirar de alívio. A expressão em seu rosto se tornava mais calma e tranquila e, em seguida, ergueu a cabeça, aproximando-se do local onde pretendia descansar. Mais alguns passos e... Hm? Semicerrou os olhos ao ficar muito próximo, vendo aqueles fios loiros – que ora ficavam mais escuros por causa dos raios solares, ora mais claros. Piscou algumas vezes e pousou as íris azuladas na face do ser que descansava dentro do riacho.

O desconhecido estava com os olhos fechados e também descansando. Mas... Ele não era tão estranho assim. Flynn já conhecera aquele rosto. Ah, sim... Ele se lembrava muito bem. O adolescente nem sempre fora uma pessoa melancólica, mas aquele cara na sua frente lhe causara um enorme buraco no peito. O motivo? Iludira Flynn. Conquistara o seu coração e depois simplesmente desaparecera, deixando o menor completamente perdido durante meses e meses – quase entrando em depressão. Dizem que o amor não é tão intenso e poderoso de tal maneira, mas Flynn sabia que as emoções poderiam até matar.

– VOCÊ! – Grunhiu e, de maneira rápido, deu um chute na direção do rosto e dos braços do rapaz. Se tivesse pegado em qualquer lugar, já se sentiria contente – não escolheria o “local-alvo”. – Seu desgraçado! – Fechou os punhos e começou a tremer de tanto ódio.

No Stress

The day is perfect

Am I in hell?

Sua visão tinha se escurecido por causa de tanta raiva que tinha em seu interior, contudo, quando voltou ao normal, ele já não via Alex. Odiava o garoto com todas as suas forças, afinal, o sumiço do mesmo fizera o menor chorar durante meses e meses – enquanto sua mãe tentava confortá-lo. Dizem que um coração partido apenas machuca as pessoas e, bom... Claro que isso ocorreu. Flynn se tornara um pouco mais reservado e sempre hesitou em adentrar em algum relacionamento. Afinal, todos eles poderiam seguir o mesmo rumo do seu relacionamento com Alex, não é mesmo? Preferiu se isolar, ao invés de dar novas chances. Sua reação fora surpreendente até mesmo para os genitores de Flynn, que sempre achavam que o garoto era considerado frio até demais.

– CADÊ VOCÊ?! EU QUERO TE ENFORCAR ATÉ... – Gritou, mas logo parou, deixando o ódio aparecer em sua face. O cenho estava franzido, os punhos fechados e a tremedeira voltava ao ver o mais alto aparecer subitamente. Ele tinha saído de trás de uma árvore. Seria uma pena se a queimasse. Você iria junto. Assim como você fez com as minhas emoções., o pensamento passou pela cabeça do rapaz que se tornara num indivíduo insano. Queria chorar, mas ao mesmo tempo queria incendiar o corpo do mais velho, fazê-lo com que se tornasse em cinzas e desaparecesse.

Alex erguia as mãos, demonstrando que se rendia e aproximava-se lentamente enquanto falava. As palavras deslizavam para dentro do ouvido do menor, que tentava processar as informações. Ele não conseguia acreditar naquilo tudo – era uma farsa, afinal, Alex demonstrara seu carinho várias e várias vezes, até que conquistasse totalmente o coração de Flynn. Após isso, simplesmente o deixou para trás, como se fosse apenas um objeto ou sequer tivesse importância alguma.

Ele parecia arrependido, mas era só questão de aparência. Flynn não caía mais no papo do outro – pelo menos, não após ter sido deixado. A desconfiança fora um presente que ganhara depois do abandono de seu ex. Abaixou os olhos quando ele indicou que pegaria as vestes e nada disse. As íris claras do menino acompanhavam o outro atentamente, sempre estando alerta aos seus movimentos. Não sabia como ele tinha desaparecido, será que ele tinha algum talento relacionado ao teletransporte? Se queimasse suas vestimentas, será que ele apareceria pegando fogo?

Viu o mesmo se vestir, mas logo sua atenção voltou para a face do mesmo. As palavras... Ah, as malditas palavras de Alex. Se pudesse, faria com que ele as engolisse e morresse engasgado, mas não tinha jeito. – Conversar?! – Arregalou os olhos. – Conversar sobre o quê?! – Grunhiu e aproximou do mesmo, tremendo mais e mais. – Você me abandonou! Você não queria nada! Você acabou de confessar, você ainda tem coragem de me falar, seu... Desgraçado! – Gritava cada vez mais, tirando a carga emocional que ficara em seu âmago durante muito tempo.

– Você me deixou! Você quebrou meu coração, Alex! – E aos poucos seu tom de voz ia reduzindo, até que seus olhos marejaram e, repentinamente, Flynn caía no choro. – E agora eu estou sozinho! A gente poderia ter ido para outro lugar, poderia ter viajado! – Choramingou. – E eu te amava muito, mas você escolheu sumir, nem me deixou justificativa! – Soluçou.        

No Stress

The day is perfect

Am I in hell?

A cabeça do mais jovem estava abaixada, seus punhos estavam fechados e tremiam de tanta raiva e tristeza que sentia. As lágrimas ainda percorriam sua face, fazendo com que a visão ficasse marejada pelas gotas de sofrimento que escorriam o seu rosto. Repentinamente, sentiu algo tocar o seu ombro e franziu o cenho quando o outro estava ajoelhado, bem na sua frente. Parou de chorar rapidamente, passando as costas da mão direita em seus olhos, limpando qualquer resquício de lágrimas. Piscou algumas vezes, levemente confuso com o que estava acontecendo. Por que diabos Alex estava ajoelhado bem na sua frente? Isso não adiantaria em nada... Ou será que ia?

Os seus olhos ainda marejavam um pouco, mas permaneceu seu olhar fixo no do mais velho. Escutou o mesmo atentamente e então abriu a boca para respondê-lo, mas antes que isso fosse possível, era puxado em um abraço. Foi nesse instante em que se derreteu. Deixou um longo suspiro sair de seus lábios e fechou os olhos, deixando as últimas lágrimas escorrerem. Ele sentia o calor do outro, além de estar com a sensação de ser protegido. Lembrou-se dos momentos que passava abraçado com Alex, das risadas, das conversas.

Ali, naquele abraço, era como se estivessem voltando ao passado. Flynn correspondeu logo no início, apertando Alex com toda a força que tinha e fazendo com que ele ficasse próximo de seu corpo. Era bom... Sim, aquela sensação era boa – mas sentia-se melhor caso Alex estivesse correspondendo-o.

Queria abrir a boca e dizer que o perdoava, mas não seria justo consigo mesmo. Como conseguir esquecer os erros de alguém que simplesmente o iludira e depois fora embora como se jamais tivessem se relacionado? Flynn não conseguia realizar as coisas assim, tão facilmente. Para ele, seria dolorido. Será que deveria acreditar no outro? Pensava que não, contudo, não o machucaria – não naquele instante. Se queimasse o mais velho, o clima ali poderia mudar.

Mudanças, tsc. Ah, doces mudanças. Era uma palavra tão divertida de se escutar.

Viu-o se afastar e acabou deixando um breve suspiro sair de seus lábios com as carícias em sua bochecha. Ok... Ele estava sendo... Sincero? Argh, maldita dúvida que passava por sua mente, brincando com a mesma como se fosse a coisa mais divertida do mundo. Entretanto, não era. Flynn sentia-se confuso, sentia-se incerto, sentia-se hesitante. Acreditar ou não acreditar? Uni-duni-tê, o escolhido foi você.

Deixou-o encerrar suas palavras e logo abriu a sua boca. – Eu não confio em você. – As palavras saíram num tom baixo. Após isso, levou a mão até a dele – que afagava a sua bochecha – e apertou-a com um pouco de força, de maneira carinhosa, pois mudara a sua ideia em relação a machucá-lo. – Pelo menos, não confio mais. Por enquanto. – Abaixou a cabeça e acariciou a mão dele, observando os próprios sapatos brevemente, mas logo ergueu a cabeça.

– Nem o nosso código secreto pode mudar isso. Não agora. – Deu um sorriso tristonho, referindo-se à palavra “baby”. – Mas eu te dou uma segunda chance. Não preciso confiar em você pra ver se você mudou... – Sussurrou e, posteriormente, abraçou-o novamente.

Flynn mudara totalmente. Antes era doce, gentil e tudo mais que podia atrair uma pessoa, contudo, transformara-se num verdadeiro insano quando seus pés foram colocados ali dentro – num inferno onde jamais sairia tão cedo. O humor do adolescente mudava frequentemente, indo do carinho até o ódio extremo. A confiança não existia permanentemente.

Afastou-se delicadamente e, dessa vez, afagou o rosto dele. – Mas não estrague tudo, Alex. Ou eu juro pela minha vida que, caso você me destrua de novo, vou queimar todo o seu corpo e dar um sumiço no mesmo. – A ameaça saiu num tom frio.