[RP Fechada] Farol

Morpheus não fazia o tipo de detento que ficava perambulando pela prisão já tarde da noite, ainda mais nas propriedades externas - mas estava tão cansado de tudo aquilo, sua cabeça estava cheia, era só se deitar e fechar os olhos que uma enxurrada de pensamentos invadia a sua mente, impedindo-o de dormir. Ele não havia tido um dia fácil e o tudo o que mais desejava era pode estar longe dali, sentia muito a falta da mãe.

Após passar momentos, que mais pareceram horas, encarando o teto e se revirando no seu colchão duro, resolveu ir caminhar - nem sabia ao certo se era permitido. Vestiu uma roupa confortável e quente, saindo em seguida de sua cela, não fazia a menor ideia de para onde ir. Percorreu longos corredores, dando de cara vez ou outra com outros presos, alguns não tão amistosos. Apressou o passo e respirou aliviado ao se deparar com uma saída, que dava direto para um campo aberto que aparentava ser mais seguro que aqueles corredores. Ele não pensou duas vezes, continuou seguindo reto mesmo não enxergando muito, mas aos poucos seus olhos se acostumaram com a escuridão e ele notou que havia uma trilha ali.

Olhou para trás, já havia andando um bocado e estava tarde, pensava se valeria a pena seguir adiante. Suspirou e deixou sua cabeça pender para trás, fitando o céu estrelado, há muito tempo que não fazia isso, sorriu, já havia até se esquecido de como tudo lá fora era imenso e belo. Enquanto observava o céu viu uma grande construção se projetar no horizonte, ficou surpreso por não ter a visto antes, já que havia um enorme facho de luz, era um farol, queria ir até ele. — O que eu tenho a perder? — Disse, finalizando com um suspiro. Andou mais alguns metros, se perdendo vez outra durante o caminho, devido a vegetação alta e o breu, só parou quando chegou a porta do farol, que se encontrava aberta.

Respirou fundo, tinha um certo medo de não estar sozinho ali, poderia ser morto naquele local tão afastado e ninguém nunca saberia disso - sem contar que nem mesmo dariam falta da sua ausência. Mas os mesmos motivos que o trouxeram até ali o fizeram subir todos os lances de escada, até chegar no que parecia ser o final. Parou abruptamente antes de entrar no cômodo, havia alguém ali, uma figura desconhecida, próxima ao parapeito. A respiração de Morpheus estava ofegante, mas ainda não havia denunciado sua presença, recostou seu corpo contra a parede atrás de si, procurando um jeito de lidar com aquela situação.

— Olá? — Sua voz saiu um pouco baixa, seu medo era mais que perceptível, sentiu raiva de si mesmo por isso. Não sabia como tinha chegado até ali, de onde havia tirado coragem para atravessar metade do farol e arriscar sua vida falando com um completo estranho.

Uma voz ecoou da escuridão, fazendo Morpheus recuar alguns passos, assustado. Se perguntava se aquilo não era perigoso, mas a vontade de saber quem era o desconhecido agora falava mais alto. Semicerrou seus olhos, esforçando-se para tentar identificar alguma feição no rosto da pessoa, que pela voz supôs ser um garoto, mas só enxergava uma sombra que ocultava tudo. Geralmente, ele não confiava muito nos seus instintos, mas dessa vez eles diziam que era seguro estar ali, isso fez com que Morpheus se tranquilizasse e desse alguns passos em direção ao estranho, que havia retribuído seu cumprimento - sua voz era gentil, mas havia certo amargor, mascarado.

— Você estava distraído, por isso não deve ter notado minha presença... — Comentou, relembrando os instantes anteriores, o garoto misterioso parecia até uma estátua. — Vai por mim, creio que nem uma manada de elefantes consegue fazer mais barulho que eu. — Continuou, rindo de si mesmo, dando mais alguns passos, procurando observar melhor o farol, sua visão parecia estar se acostumando com o breu. — Espero não estar te incomodando com a minha presença, provavelmente estou, você deve estar querendo ficar sozinho. — Morpheus se voltou para ele, conseguindo vislumbrar suas feições, achou seu olhar bastante forte, intenso. Demorou mais alguns segundos o olhando, mas não conseguiu sustentar seu olhar por mais tempo, direcionando-o para o outro lado, corando em seguida e agradecendo por estar no escuro, assim ninguém iria perceber. Sua mãe sempre lhe dissera que encarar os outros era muito feio.

Quanto mais o tempo se passava, mais Morpheus ia superando seus limites, primeiro saiu no meio da noite da prisão, se embrenhou no mato, invadiu um farol que o assustava e agora estava conversando com um completo estranho. A vida de detento, aberração e de cobaia em potencial pareciam fazer parte da vida de outra pessoa naquele momento, ou até mesmo da história uma série para adolescentes. Morpheus se esquecera, momentaneamente, de todo o horror que estava vivendo. Se sentia um tolo por continuar agindo como se estivesse ainda vivesse lá fora, sendo sempre gentil e prestativo para com os outros.

Foi tirado de suas reflexões pela voz do estranho, que agora possuía um nome e vinha em sua direção, o que deixou o garoto apreensivo, mas já era tarde demais para fugir ou temer pela própria vida, Morpheus já havia deixado todas essas possibilidades de lado quando decidiu continuar ali. — Prazer.. sou Morpheus. — Demorou-se ao falar seu nome, não gostava muito dele, sempre fora motivo de chacota por conta do nome incomum. Levantou seu braço para cumprimentá-lo quase que automaticamente, desde pequeno odiava essas formalidades, sua timidez contribuía muito para essa aversão.

Sentiu um formigamento estranho percorrer seu braço ao tocar a mão de Logan, não tocava outra pessoa há bastante tempo, mal se recordava da sensação, era boa, o calor era reconfortante. Mas não  teve muito tempo para tirar mais constatações, o cumprimento durou apenas alguns momentos, e logo foi desfeito. — Bom... vem sempre aqui? — Ele não fazia a menor ideia do que falar, mas queria conversar, sentia falta disso.

Morpheus revirou os olhos mentalmente, "muito obrigado, mãe", pensou, depois de tantos anos se apresentando para as pessoas ele já estava acostumado com as mais diversas reações ao dizer seu nome - no fundo ele até gostava disso, o fazia diferente. Logan parecia ser uma pessoa legal, mas Morpheus temia que fosse somente uma máscara para enganar os outros ao redor dele, e ele odiava a sensação de estar certo sobre isso.

Morpheus ainda não havia se dado conta do enorme clichê que havia acabado de deixar escapar, mas Logan, pelo visto, não deixava nenhum detalhe passar despercebido. Franziu a testa, sem entender a pergunta sobre a cantada, mas quando compreendeu o que ele estava dizendo, sentiu, imediatamente, o rosto ficar quente. Sentiu vontade de correr até o parapeito do farol e se jogar dali mesmo, não sabia nem para onde olhar - para qualquer lugar, na verdade, menos para Logan.

Morpheus não conseguia pensar em uma resposta decente, e sabia que se tentasse dizer algo só iria se enrolar ainda mais, mas enxergou uma oportunidade de mudar o foco da conversa, uma vez que o outro continuou falando, ele também era novo na prisão e era sua primeira visita ao farol, isso tranquilizou Morpheus. — Também... pra ser sincero, o único local que conheço aqui é a minha cela, nada mais. — E ele se perguntava o porque disso, de nunca ter se aventurado pela prisão, por não ter amigos? Por se achar fraco? Não gostava de pensar nisso, suspirou, passou por Logan e deu alguns passos em direção ao parapeito, quase não enxergava o chão lá embaixo. — É tentador, não é? Seria uma morte rápida e indolor — Apoiou seus dois braços no metal gelado, desejando que o outro viesse se juntar a ele, precisava conversar para espantar aqueles pensamentos idiotas.

Morpheus encarava um ponto aleatório no horizonte, sorrindo de forma sutil ao ouvir a voz de Logan se aproximando. Lentamente, virou o seu rosto para encarar o garoto, pela primeira vez conseguiu vislumbrar cada detalhe da sua face. Seus olhos brilhavam a luz das estrelas, eram de um tom azulado, frio e penetrante, as sobrancelhas eram grossas e conferiam a ele um ar de seriedade.
Por fração de segundos suas mãos se chocaram, deixando Morpheus um pouco intrigado, pois havia espaço o suficiente para eles se moverem ali, não teve muito tempo para pensar nisso, Logan o questionara sobre seus poderes. — Hidrocinese, não é muito interessante. — Respondeu mecanicamente, visivelmente entediado pela menção da sua anormalidade - era assim ele via seus dons. Como demonstração, condensou um pouco do vapor de água presente no ar, formando uma pequena bolha, mas a desfez rapidamente. — Com o tempo, se torna bem chato. —

Morpheus considerava aquele local muito propício para algum curioso ir observar o céu a noite, mas como eram detentos da Captus e conhecia bem os tormentos infernais aos quais eram submetidos, certamente enxergariam o farol como sendo perfeito para um suicídio - uma das coisas mais presentes nos pensamentos dos presos, isso era certeza.

A última pergunta de Logan o deixara pensativo, não sabia direito como responder. — Da minha covardia. — Confessou, virando-se para Logan. Desde pequeno, Morpheus convivia diariamente com os pensamentos suicidas, apesar de ter uma vida confortável e uma família que o amava, sempre estava infeliz, e não entendia o por que. Chegou a tentar suicídio diversas vezes, mas era sempre incapaz de cometer o último ato e se considerava um inútil por isso.— Acho que nunca vivi, de fato, parece que estou em estado vegetativo. Imóvel, observando os outros aproveitando suas vidas, sendo felizes e eu sentindo inveja por isso. — Morpheus não se sentia triste por isso, no fundo ele estava acomodado a viver na inércia.

O universo havia reservado inúmeras surpresas para Morpheus aquela noite, pelo menos era o que ele pensava. O garoto sentia que aos poucos o peso em suas costas diminuía, parecia que a companhia de Logan era capaz de dissipar seus problemas, um a um. Ele queria dizer isso a ele, contudo temia pela reação do outro. Talvez ele fosse até mesmo um telepata e já soubesse o que se passava em sua mente - isso se ele fosse capaz de destrinchar todo o emaranhado de pensamentos confusos. Limitou-se apenas a virar-se para ele e fitá-lo nos olhos, quem sabe Logan fosse capaz de notar a gratidão implícita em seu olhar.

Mas ele estava com sorte, o sobrancelhudo parecia disposto a conhecê-lo melhor, pegando Morpheus de surpresa com suas palavras acolhedoras. Morpheus pretendia dizer algo, sobre como aquilo estava sendo inesperado e incrível para ele, mas acabou sendo sendo interrompido pelos dedos de Logan em sua boca, a puxando para os lados, praticamente o obrigando a sorrir. Morpheus balançou sua cabeça levemente para os lados, desfazendo o sorriso forçado, mas dando lugar a um novo, resplandecente. Não sabia ao certo o que dizer, mas sentia vontade de abraçar o garoto a sua frente, mas decidiu não arriscar, tinha medo de que Logan não gostasse, então se manteve calmo.— Fiz tanto drama que acabei me esquecendo de perguntar suas habilidades, Logan. — Foi a primeira coisa que veio na sua cabeça que não parecia ser extremamente sentimental ou invasiva. Morpheus estava um pouco inquieto com tudo o que estava acontecendo e movia sua mão pelo ferro do parapeito aleatoriamente, até que trombou com a do outro. — Oh, perdão. — Estava constrangido, mas não percebeu que sua mão continuava sobre a de Logan.

Aquelas momentos eram surreais demais para Morpheus, que custava acreditar em tudo aquilo que estava acontecendo. Sempre fora imprudente, quando se tratava de seus sentimentos, tinha consciência da intensidade dos mesmos, mas nunca sentira necessidade de domá-los, qualquer estímulo era capaz de fazer com que ele se entregasse de corpo e alma, como se uma enorme onda varresse todas as suas defesas de uma vez só. O que de certa forma, era contraditório, já que Morpheus possuía uma personalidade contida. E conter toda essa bagunça de sentimentos acabava o deixando esgotado, isso fez com que ele evitasse ter qualquer tipo de vínculo com as outras pessoas.

Franziu o cenho quando Logan pediu para que olhasse algumas nuvens de uma possível tempestade que se formava ao norte, mas voltou-se para o garoto, esperando obter alguma explicação, mas Logan havia fechado os olhos e agora seu braço estava erguido, apontando para as nuvens. Morpheus acabou se distraindo, enquanto admirava o rosto esculpido de Logan, mas acabou sendo desperto por um barulho estrondoso. Seu coração havia disparado com o susto e sentiu suas pernas falharem, por pouco não caiu. Se virou novamente e observou as nuvens com mais atenção, o barulho provinha delas.

— Isso é... Incrível!— Sussurrou, ficando maravilhado com os clarões de luz. Logan disse que era capaz de manipular o tempo, Morpheus pensou em compará-lo a personagem de um desenho, Tempestade, mas acabou deixando de lado quando se deu conta de que estava mais próximo do outro, perigosamente próximo. Não se lembrava, mas durante o espetáculo particular de raios e trovões, ele acabou, literalmente, pulando de medo, mas decidiu ignorar. — Isso sim pode ser chamado de um superpoder.— Desconversou, virando-se para o parapeito, era capaz de sentir o calor de Logan, seus ombros até roçavam um no outro.

— Um plano malsucedido do governo? Pra criar super-humanos ou coisa do tipo, sabe? Pelo menos é o que a minha mãe diria, ela adora teorias
conspiratórias. — Disse, sorrindo em seguida e virando-se para o garoto, Logan o fazia feliz, Morpheus já considerava isso como uma certeza. Eu, por exemplo, sou um uma falha dentro de tudo isso, seja lá o que for. E você, Logan, é um sucesso. Agora ele conseguia colocar seus pensamentos em ordem, e todos seguiam um mesmo padrão, eram sobre o mesmo assunto: Logan, Logan e Logan.

— Mas só acho que deram para a pessoa errada, não faço a menor ideia de como utilizá-los. Alguém poderia estar salvando o mundo com eles, sabe? Levando água para criancinhas na África, evitando o derretimento das geleiras nos polos...— Morpheus perdeu completamente a sua linha de raciocínio ao sentir sua mão ser envolvida pela de Logan, estancou de repente. Talvez fosse só algum tipo de brincadeira, mas para Morpheus aquele gesto singelo carregava um significado muito grande, parecia que seu coração poderia explodir a qualquer momento no seu peito, mas lembrou-se de respirar e tentou agir normalmente.

Precisou de um pouco mais de tempo para processar a pergunta de Logan, mas a respondeu de prontidão. — Bom, depende, minha mãe pensava que eu estava no colégio, mas na verdade eu estava matando aula. Eu não aguentava mais aquilo, horas e horas sentado em uma cadeira dura ouvindo um monte de coisas inúteis.— Resmungou, se lembrando de como sua avó acabava o acobertando, acolhendo-o em sua casa quando ele devia estar estudando. — E você?— Morpheus não conseguia mais disfarçar o sorriso em seu rosto.

Sorriu, matar aula para ir ficar na casa da avó não parecia o tipo de coisa que um "troublemaker" faria, mas achou melhor deixar essa parte sob os panos. Morpheus se perdia ao encarar Logan, não sabia ao certo se olhava para os seus olhos, sua boca, ou até mesmo se prestava atenção no que ele dizia, estava tendo um grande problema de concentração. Achou graça quando foi chamado de garoto do interior.

— O disfarce perfeito, não? — Piscou o olho direito, sorrindo travesso.  — Mas brincadeiras a parte, acho que até hoje não deram minha falta. — Adquiriu um tom sério, mas estava se divertindo com aquilo, no fundo. Se achava sortudo por nunca ter sofrido bullying, pelo menos não diretamente, será que inspirava medo nos colegas? Provavelmente não. Vivia quieto no fundo da sala, invisível. Será que sabiam que ele havia sido preso? Ou sua mãe teria inventado alguma bolsa de estudos no exterior? Internação em um clínica de tratamento para viciados em drogas? Na verdade nem ele sabia perfeitamente por qual motivo estava ali.

Morpheus não era o tipo que observava detalhes ou coisas do gênero nas pessoas, mas sempre que parava para pensar em algo, Logan parecia deixar sua cabeça pender para a esquerda, era fofo. — Biologia era uma das minhas matérias favoritas, estudar os seres vivos e etc. Apesar de sentir medo, os artrópodes sempre foram meus favoritos, mas caíram um pouco no meu conceito depois que um escorpião me picou. — Confessou, olhando para baixo e desfazendo o enlace das mãos, refazendo em seguida, sentiu falta daquele contato no mesmo instante - teria dificuldade pra se soltar de Logan. — Imagino, ter que lidar com pessoas, em especial adolescentes... Admito que acho o café de lá superestimado, e muito caro. — Sussurrou o final, em tom sarcástico.

Riu ao ver a cara de indignado de Logan ao ouvir sobre os artrópodes, mas aquela reação era bem comum, quando sua professora trouxe pela primeira vez uma caixa cheia deles para a aula, a primeira coisa que Morpheus fez foi sentir nojo, eles não possuíam boa aparência. — Mas isso é o mais bonito sobre eles, essa capacidade de metamorfose, para poder se adaptar a novos lugares... — Disse, colocando as mãos na cintura.  — Seria muito útil aqui. — Continuou, erguendo uma das sobrancelhas, se esforçando para copiar a cara da sua mãe de "eu avisei".

— Mas os anfíbios... em especial os sapos, são assustadores! — Desfez a postura séria, assumindo um semblante de nojo misturado com medo. Quando era menor, pisou descalço em um sapo enorme, mesmo depois de anos ele ainda conseguia se lembrar da sensação, úmida e molenga. — Essa é a minha fraqueza de super-herói. — Disse, rodeando Logan, parando atrás dele e colocando as mãos sobre seus ombros. — Seria uma pena se você acordasse com um exosqueleto bem no seu rosto, não é? — Aproximou sua boca bem perto do seu ouvido e sussurrou, brincando com ele.

Há quanto tempo estavam ali? Morpheus estava começando a achar que o tempo tinha parado para os dois. Ele não esperava que Logan fosse reagir tão rápido, ainda mais daquela forma. Sentiu todo o seu corpo se retesar com a mordida que recebera, estava mais confortável anteriormente, pois era ele quem ditava as regras do jogo, mas aquela jogada inesperada de Logan havia deixado Morpheus desconcertado, no bom sentido.

Era possível sentir o perfume de Logan, que inebriava os sentidos de Morpheus, mas o mais impressionante era conseguir ouvir seu coração batendo no peito, bombeando o sangue, acabou tranquilizando-se quando lembrou que o corpo humano possuía grande quantidade de água, será que algum dia seria capaz de manipular alguém usando esse fator? Entretanto, só a menção de "sapos monstruosamente grandes" foi suficiente para fazer Morpheus tremer na base, no momento ele tinha outras preocupações, como por exemplo, se manter afastado do lago.

— É bem possível que seja verdade, considerando as coisas que já presenciei aqui... — Murmurou, mais para si mesmo, tendo alguns flashs dos absurdos que aconteciam naquele lugar. — Mas pra ser sincero, me arrisco a ficar na presença dos sapos a ter que voltar para Captus. — Brincou, mas havia um fundo de verdade naquilo, temia pela própria segurança, cada dia vivo era uma conquista.

— Quero te propor um acordo. — Não queria ficar para trás nas brincadeiras, não iria perder para Logan. Levou uma de suas mãos até a altura do seu abdômen, tocando-o de leve, sobre o tecido da roupa que vestia. —  Eu te protejo dos artrópodes, e você mantem os sapos afastados. Tudo bem? — Seus dedos acariciavam aquela área, Morpheus estava mais focado, sustentando o olhar fixo nos olhos de Logan.

Aquela situação já estava tomando proporções inimagináveis, o clima entre os dois havia mudado completamente desde que chegaram ali. E Morpheus estava amando isso, parecia estar numa montanha-russa emocional, isso em uma única noite, sentia-se desafiado - a cada passo de Logan, Morpheus se via obrigado a dar dois, ele queria ir além dos seus limites, coisa que nunca sonhara em fazer.

Desde que havia chegado ali, se viu atraído por Logan, uma força invisível o empurrava para ele, existia um magnetismo entre os dois - o simples contato entre suas peles era uma prova disso. Agora, já era tarde demais para voltar atrás, de se sentir inseguro, já estava completamente entregue aquilo, seja lá o que fosse acontecer. Esperava não estar enganado sobre isso, sentia medo de não ter forças para lidar com uma decepção aquela altura do campeonato.

Morpheus não sabia ao certo o que dizer, se Logan desejava confundi-lo, estava conseguindo fazer isso muito bem. Decidiu que palavras não cabiam naquele momento, deixou tudo por conta da sua intuição, que parecia saber perfeitamente o que fazer. Levou sua mão esquerda a cintura de Logan, e a outra ao seu pescoço, segurando com firmeza. Olhou profundamente em seus olhos, sorrindo autenticamente, para depois depositar um beijo em sua mandíbula, começou a roçar sua boca na dele, levemente, queria provocá-lo. Mas acabou não suportando mais aquelas brincadeiras, em questão de instantes acabou com o pouco espaço que ainda separava sua boca da dele, beijando-o lentamente, apertando sua cintura.